McDonald’s demite presidente executivo por se relacionar com funcionária

McDonald’s anunciou neste domingo que Steve Easterbrook, presidente executivo da rede, foi demitido do cargo, depois de se envolver afetivamente com uma funcionária, o que viola a política da rede de fast-food.

Em comunicado, a empresa disse que o Conselho de Administração da empresa considerou que Easterbrook “demonstrou pouco discernimento”. A política do McDonald’s não permite que seu presidente executivo, o CEO, tenha relacionamento com qualquer pessoas na empresa.

“Eu me envolvi em um relacionamento consensual recente com uma funcionária, o que viola a política do McDonald’s”, escreveu Easterbrook, que se tornou CEO da empresa em março de 2015, em e-mail para os funcionários. “Isso foi um erro. Dados os valores da empresa, concordo com o Conselho que é hora de seguir em frente”.

Easterbrook é divorciado, de acordo com um relatório do Wall Street Journal, e também faz parte do Conselho de Administração do Walmart.

Ações caem mais de 2% no ‘pre-market’

As ações do McDonald’s caíram até 2,3% nas negociações de pré-mercado nesta segunda-feira. Desde que Easterbrook assumiu o cargo, em março de 2015, as ações da rede de fast-food quase dobraram, dando à empresa uma capitalização de mercado de US$ 147 bilhões.

Easterbrook mudou a gestão do McDonald’s que, antes dele, vinha apresentado um dos piores desempenhos financeiros em anos. Nos últimos meses, a rede apresentou um dos melhores resultados do setor, com vendas nas lojas físicas subindo 5,9% em todo o mundo no último trimestre, mais do que os analistas haviam projetado.

O executivo foi visto como implacável em seu esforço para atrair uma nova geração de clientes que estariam dispostos a fazer pedidos através de aplicativos para smartphones, pagar on-line e optar por receber comida em casa ou no trabalho, em vez de se aventurar nas lojas.

Para enfatizar a urgência das mudanças, ele vinculou a remuneração dos executivos à velocidade e amplitude da distribuição de entregas.

Enfatizou também a inovação tecnológica, firmando acordos de entrega de alimentos com aplicativos como Uber Eats e DoorDash e comprando empresas menores especializadas em machine learning e inteligência artificial.

Ele será susbtituído por Chris Kempczinski, atualmente presidente do McDonald’s nos Estados Unidos.

“As grandes empresas de capital aberto são menos propensas a tolerar esse comportamento por causa de preocupações com o risco à reputação”, disse Yuen Teen Mak, professor da NUS Business School, em Cingapura, em um e-mail. “A natureza dos negócios também pode ser um fator – afinal, seus clientes-alvo são famílias e crianças”.

Independentemente dos sucessos de Easterbrook, o Conselho da empresa tinha pouco espaço para erro em como lidava com a transgressão do executivo britânico em um momento em que até mesmo relacionamentos consensuais são alvo de discussões – especialmente quando há um desequilíbrio de poder.

Em maio, a empresa reformulou sua política de assédio após sofrer pressão de funcionários, advogados trabalhistas e membros do Congresso.

Em uma carta em resposta a uma pergunta da senadora americana Tammy Duckworth, do estado natal da rede em Illinois, Easterbrook disse que a empresa melhorou sua política e está comprometida “em garantir um local de trabalho sem assédio e sem preconceitos”.

Clima #MeToo

“No atual clima #MeToo, será ainda mais difícil para as empresas contratar um CEO nessas situações”, disse Mak, da NUS. “Foi absolutamente a coisa certa para o McDonald’s fazer e fazê-lo rapidamente.”

Pela primeira vez em 19 anos, em 2018, mais CEOs foram demitidos por lapsos éticos do que por desempenho financeiro ou disputas nos conselho, de acordo com um estudo de uma das unidades da PriceWaterhouseCooper que analisou a rotatividade de presidentes executivos nas 2.500 maiores empresas do mundo.

“Parceiro importante”

Com o Easterbrook agora fora de cena, cabe a Kempczinski continuar o avanço na entrega e nos pedidos on-line. Ele ingressou no McDonald’s em 2015 para supervisionar a estratégia global, desenvolvimento de negócios e inovação. Mais recentemente, atuou como presidente dos negócios nos EUA e, como Easterbrook, esteve profundamente envolvido no esforço para expandir a entrega on-line.

“Chris tem sido um parceiro importante para mim nos últimos quatro anos e é a pessoa ideal para assumir o cargo de CEO”, disse Easterbrook em sua nota de partida.

Joe Erlinger, que ingressou na empresa em 2002, se tornará presidente dos negócios nos EUA.

Desafios à frente

Kempczinski, que ajudou a implementar muitas das mudanças recentes como chefe das operações nos EUA, manterá o foco de seu antecessor em tecnologia e acredita que os investimentos da empresa serão recompensados, de acordo com uma entrevista ao Wall Street Journal.

Kempczinski, que também está ingressando no Conselho do McDonald’s, está assumindo uma cadeia gigante, com mais de 38 mil filiais em 100 países, incluindo 14 mil nos EUA.

Ele terá que lidar com o tráfego estagnado de clientes em todo o setor de restaurantes. Nos últimos trimestres, o crescimento foi impulsionado por preços mais altos, mas as redes têm se esforçado para atrair maiores volumes de clientes. A concorrência se intensificou à medida que os consumidores comem menos e compram mais alimentos preparados em supermercados.

A empresa tentou renovar sua imagem remodelando suas instalações – mas os franqueados reclamaram dos altos custos associados às mudanças, como a construção de um muro para ocultar as operações da cozinha atrás das caixas registradoras. Em 2018, diminuiu o ritmo das reformas, permitindo que as operadoras as concluíssem até 2022, em vez da meta inicial de 2020

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